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Sobre o Cineclube Coxiponés

Saiba um pouco mais sobre o Cineclube Coxiponés da UFMT

CINECLUBE COXIPONÉS

O mais antigo cineclube de Mato Grosso, fundado em 1977, na UFMT

Síntese

O Cineclube Coxiponés da UFMT é o cineclube mais antigo em funcionamento em Mato Grosso e tem uma história de mais de 40 anos de difusão, reflexão e estímulo à produção audiovisual. Realiza ações semanais de exibição e debate de filmes, formando plateias para o cinema autoral e independente. Além do acesso ao acervo de filmes, oferece oficinas de realização audiovisual e promove a difusão e o intercâmbio de ações cineclubistas em Mato Grosso. Desde 2002 promove a MAUAL – Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina -, importante janela para a produção audiovisual de curta duração em Mato Grosso. Ao longo de sua trajetória a MAUAL também vem se consolidando como a principal vitrine para a produção audiovisual universitária e independente de Mato Grosso. Desde 2018, o Cineclube Coxiponés da UFMT integra a Rede Cineclubista de Mato Grosso (REC-MT), que reúne agentes e iniciativas dedicad@s à atividades de ativismo, difusão, debate, ensino, pesquisa, crítica, acervo e realização audiovisual.

Histórico do Cineclube Coxiponés

Em 21 de janeiro de 1977, o reitor Gabriel Novis Neves assinou a portaria de criação do Cineclube da UFMT. A iniciativa atendeu a um desejo da comunidade universitária ávida por um espaço que estimulasse as discussões estudantis por meio do cinema. A portaria de criação GR 031/77 destacava o dever da universidade de “assegurar condições à comunidade para cultivo e ampliação de conhecimentos culturais”.

Em plena ditadura militar havia muitas barreiras para dificultar a exibição de filmes nos circuitos cineclubistas. Com o Coxiponés não foi diferente. Era preciso muita garra para fazer as sessões. Em 1979 entraram em cena a professora Marília Beatriz de Figueiredo Leite e dois universitários na época, que se tornaram os principais cineclubistas à frente do Cineclube: Epaminondas de Carvalho Filho e Clóvis Rezende Matos. A presença desses jovens colaboradores era uma forma de oxigenar as ideias e se aproximar dos estudantes, estimulando o debate com a comunidade universitária. Foi por sugestão do ex-supervisor Gabriel Papazian (1946-2019) que “Coxiponés” passou a compor o nome do Cineclube da UFMT, em homenagem à sociedade indígena que habitava a região que atualmente corresponde ao bairro de São Gonçalo.

Com a vigilância cerrada dos militares aos cineclubes na década de 1970, o Coxiponés buscou apoio de embaixadas para realizar mostras de filmes, como alternativa viável nos anos de chumbo. A marca da ousadia e, ao mesmo tempo, um desafio que estimulava a equipe envolvia conseguir filmes de países que compunham a “cortina de ferro” – União soviética, principalmente. As mostras eram programadas com antecedência de um ano porque era o tempo que os filmes levavam para chegar. A estratégia envolvia rotas alternativas, passando pelo México e pelo Panamá, até chegar em Cuiabá. Chegando na cidade, era preciso retirar os filmes na Polícia Federal.

Na década de 1980, sob supervisão de Clóvis Matos, as atividades do Cineclube passaram a se diversificar, seguindo o que estava estabelecido no seu estatuto. O Coxiponés passou a produzir filmes no formato Super 8, a partir de oficinas de produção oferecidas à época. Também foi um período em que a equipe do Coxiponés se aventurou por precárias estradas do interior de Mato Grosso para projetar filmes em praças públicas e outros espaços alternativos.

Em 1992, o Coxiponés passa a ser dirigido pelo cineasta Luiz Borges, servidor técnico da UFMT, a convite da Coordenadora de Cultura Marina Muller. Era um período de crise para o cinema brasileiro. O presidente Fernando Collor havia extinguido a Embrafilme – empresa estatal responsável pela produção e distribuição de filmes brasileiros – o que dificultou sobremaneira a aquisição de títulos para exibição em 16mm. As poucas cópias disponíveis foram ficando cada vez mais escassas, pois as embaixadas começaram a retirá-las de circulação. A programação era centrada, principalmente, na cinematografia alemã, devido ao apoio do Instituto Goethe e contratos com a Poli Filmes, distribuidora com a qual o Coxiponés trabalhava. As sessões passaram a ser feitas no Auditório da Agronomia (mais conhecido como Batatão) com sessões ao meio dia. Nesse período, a equipe era formada por Epaminondas Carvalho Filho, Ana Paula Duarte, Sofia Amiden, Eliete Alves (Lica) e apoio técnico de Sebastiao Palma e do professor Mario Amiden, além de contar com estagiários. A sede do Cineclube ficava no prédio da reitoria da UFMT. Nesse período, além do trabalho com difusão e produção de filmes, o Coxiponés passou a investir também na preservação da memória do cinema em Mato Grosso. O interesse de Luiz Borges pela história do cinema mato-grossense, tema de sua pesquisa de mestrado, levou a UFMT a adquirir o acervo da Família Papazian (filmes e fotografias que traçam um retrato da sociedade cuiabana da primeira metade do século XX). O acervo passou aos cuidados do Coxiponés, o que levou o Cineclube a investir no seu acervo. A aquisição de outros filmes históricos sobre Mato Grosso e a necessidade de condições de preservação estimulou a luta por uma sede própria. Infelizmente, um incêndio atingiu metade das fotografias do acervo Papazian, quando ainda estavam armazenadas no prédio da reitoria, nos anos de 1990. Com a demora na construção de um local adequado para o acervo, os filmes de Lázaro Papazian foram levados, antes do acidente, para a Cinemateca Brasileira e escaparam do fogo. Em meados da década de 2000 o acervo fotográfico de Lázaro Papazian foi repassado ao Museu de Imagem e Som de Cuiabá (MISC). O Coxiponés recebeu da Cinemateca Brasileira cópias em vídeo dos filmes da Família Papazian.

Nas comemorações de 25 anos de sua criação, em 2002, o Cineclube Coxiponés realizou a primeira Mostra Nacional de Vídeos Universitários, coordenada por Sérgio Brito e José Amilcar Bertholini (Zunga, supervisor à época). Inaugurava-se, assim, um espaço na Universidade Federal de Mato Grosso, dedicado à livre expressão e experimentação através das imagens e sons em movimento. Nascia, então, a oportunidade de jovens talentos universitários projetarem na tela grande suas próprias produções, muitas delas gestadas em sala de aula e que raramente eram apreciadas por um público mais amplo. A quinta edição da Mostra Universitária em Mato Grosso marcou também a abertura para participação de produções independentes como uma oportunidade para que os egressos das universidades, com atuação na área, continuassem a apresentar seus trabalhos, estimulando novas realizações. Hoje incorporada como uma modalidade da Mostra, a abertura do espaço de projeção às produções independentes foi importante para revelar a pluralidade de iniciativas que ainda encontram dificuldades de difusão na televisão brasileira e em salas comerciais de cinema.

A partir de 2007, e por dez anos consecutivos, a supervisão do Coxiponés ficou sob comando do professor da Faculdade de Comunicação e Artes, Moacir Francisco Barros, atendendo a um convite do Coordenador de Cultura (e posteriormente Pró-Reitor de Cultura, Extensão e Vivência), Fabrício Carvalho. Em 2007, a Mostra consolida-se no calendário das mostras e festivais brasileiros. Esse é o ano da chegada da TV Digital no país, com a promessa de abrir novos espaços de exibição para produtos brasileiros. Com a realidade da produção em digital se fortalecendo cada vez mais entre os realizadores, o Coxiponés assume, a partir da décima edição, o nome de Mostra Nacional de Audiovisual Universitário, substituindo a palavra “Vídeo”. Era indispensável expressar melhor, no nome mesmo da Mostra, o momento da convergência tecnológica que permitiu a utilização de diferentes formatos e dispositivos para a criação audiovisual – celular, máquina fotográfica, vídeo analógico, vídeo digital, película. Com o avanço da tecnologia eletrônica que influenciou no formato de exibição de filmes e popularizou o VHS, o Coxiponés passou a adquirir filmes nesse formato, compondo um extenso acervo, que encontra-se preservado. Em 2006, sob a coordenação do professor Moacir Francisco Barros, o acervo passa a ser digitalizado e armazenado em DVD e formatos digitais.

Em 2014, novas mudanças ampliaram o alcance da Mostra, que torna-se internacional e passa a receber não apenas produções brasileiras, mas também filmes de países Latino Americanos. Assim a Mostra passa a se chamar MAUAL – Mostra de Audiovisual Universitário América Latina UFMT. A década de 2010 foi um período em que o Coxiponés investiu na participação em editais de estímulo a programas e projetos de extensão, o que permitiu a ampliação de suas ações. O programa de extensão “Cinematografando” nasceu dessas articulações, com recursos do PROEXT e contando com a colaboração do professor do Departamento de Comunicação Social, Diego Baraldi e da produtora cultural e colaboradora do Cineclube Caroline Araújo. O Coxiponés também participou do Circuito em Construção, evento que reuniu cineclubes do Brasil inteiro no Rio de Janeiro para discutir formas de sustentabilidade cineclubista. O evento foi importante para aproximar o Coxiponés da cena cineclubista brasileira que efervesceu entre 2008 e 2012, com a expansão do número de cineclubes no país.

Em 2017, o Coxiponés contou com a supervisão do produtor cultural da UFMT, Luzo Reis, que manteve as sessões regulares semanais: a Sessão Coxiponés, às quintas-feiras e a sessão Cine Cochilão, às quartas-feiras. Neste mesmo ano, o Cineclube Coxiponés, com o apoio da Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência, também programou atividades especiais para comemorar os 40 anos de cineclubismo na UFMT. Fizeram parte dessa programação uma exposição no Museu de Arte e Cultura Popular da UFMT, lançamentos de filmes, mostras especiais e oficinas audiovisuais. Uma dessas ações, a Mostra Latitude de Filmes Mato-Grossenses, reuniu, em maio de 2017, aproximadamente 400 pessoas em dois dias de projeção na área externa do Centro Cultural UFMT, apresentando um pequeno panorama do cinema produzido no coração da América do Sul. Além do sucesso de público e dos convites para levar a mostra aos municípios do interior do estado, a Mostra Latitude reviveu o espírito de independência e ousadia do Coxiponés ao instalar o dispositivo sala de cinema fora dos ambientes fechados, provocando uma mudança na paisagem e na rotina universitária. Afinal, oportunizar o acesso ao cinema sempre fez parte do espírito da Universidade da Selva (UNISELVA).

A partir de 2018, sob supervisão professor do curso de Comunicação Social Diego Baraldi, o Cineclube Coxiponés investiu na regularidade das sessões de cinema (realizadas em diferentes dias da semana), quase sempre seguidas de conversa entre os participantes. Com a criação do Curso de Cinema e Audiovisual da UFMT, o Cineclube passa a abrigar, no período matutino, aulas de diferentes disciplinas do curso, intensificando uma relação/parceria que já existia com os Cursos de Comunicação Social da UFMT, em especial com o de Radialismo.  Após itinerâncias e oficinas de cineclubismo realizadas nos campus Barra do Garças, Rondonópolis e Sinop da UFMT, e de uma articulação com diferentes agentes e instituições que trabalham com audiovisual no Estado, foi realizado, durante a MAUAL 2018, um encontro que resultou na criação da Rede Cineclubista de Mato Grosso, programa de extensão que reúne agentes e iniciativas dedicad@s à atividades de ativismo, difusão, debate, ensino, pesquisa, crítica, acervo e realização audiovisual.  Em 2019 a REC-MT promoveu a Semana REC-MT de Audiovisual Mato-Grossense, com exibição, em sete cidades e em diferentes espaços culturais do Estado, de filmes de diferentes épocas e realizadores, ampliando a visibilidade da produção audiovisual realizada de Mato Grosso. Com a chegada da 18ª Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina (MAUAL 2019), o Cineclube organizou a Retrospectiva MAUAL 18 anos, projeto que resultou em programas de curtas exibidos em diferentes edições da Mostra e também em mini documentários que apresentam histórias de personagens que se relacionaram com o Cineclube Coxiponés e com a trajetória da MAUAL.

Além do fortalecimento da MAUAL e de ações realizadas em parceria com diferentes iniciativas que colaboram com a construção da programação atual (como Coletivo Audiovisual Negro Quariterê, Festival Tudo Sobre Mulheres, CineCaos, Cine Caramelo Itinerante, Cinema Circulante & Inclusão Literária, A Escola vai ao Centro Cultural da UFMT, Encontros com Cinema, Belo Belo de Cinema, Dias de Cinefilia, KinoMundo, : doc, Círculos Anônimos da Palavra, entre outras), no horizonte de ações do Cineclube Coxiponés da UFMT estão a ampliação das ações de formação e realização audiovisual, bem como um maior investimento na digitalização do acervo de filmes e no museu de dispositivos de imagem e som do Cineclube, para que ambos possam ser facilmente acessados pela comunidade de interessados.

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